terça-feira

NINGUÉM TOMA A SUA CRUZ SE ANTES NÃO RENUNCIAR A SI MESMO!

INTRODUÇÃO

Todos nós conhecemos o clássico chamado de Jesus: “Vem e segue-me!” Sabemos que quando Jesus diz “Vem!” há os que vão a Jesus, mas há os que se desculpam e não vem, pois, estão envolvidos com seus afazeres, seus interesses, seus valores. Sabemos também que quando Jesus diz “Segue-me”, há aqueles que O seguem e há aqueles que não O seguem, mesmo tendo vindo para Jesus.

O fato é que para ser seguidor de Jesus, para ser discípulo de Jesus, precisamos observar o que ele diz reiteradamente nos evangelhos: “Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16:24). Então, quem quiser ir após Jesus para segui-Lo, deve observar dois aspectos que fazem parte de um único princípio: o princípio da cruz. Esse princípio implica em renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz diariamente.

O jovem rico é o exemplo de alguém que não teve disposição de seguir a Jesus, pois amava mais as riquezas que o Senhor. Ele não conseguiu renunciar o amor ao dinheiro e seguir Jesus (e ainda saiu contrariado e entristecido). Já Mateus e Filipe são exemplos de quem prontamente largaram tudo para seguir a Jesus. Isso nos mostra algo: somente é possível seguir o Senhor se dentro de nós resolvermos renunciarmos a nossa vontade, tomarmos a cruz de cada dia e, então, segui-Lo sem objeções, sem condicionamentos, sem questionamentos.

O QUE É A CRUZ
Muitas vezes falamos que precisamos tomar a cruz no dia a dia, mas há algo que precede o tomar a cruz. Ninguém toma a sua cruz de modo resolvido, convicto, persuadido, se antes não negar a sua própria vontade para fazer a vontade de Deus. Disso resulta o que definimos como sendo CRUZ: “cruz é fazer a vontade de Deus em detrimento da minha vontade”. Isto nos fala de buscarmos não a nossa própria vontade, não os nossos próprios prazeres ou desejos, mas o que tem a ver com os princípios que Jesus ensinou e viveu.

OBRA, PRINCÍPIO E PODER DA CRUZ
Jesus não só realizou a obra da cruz, morrendo por nós para nos perdoar, mas viveu sua vida inteira no princípio da cruz. Foi decisão de Jesus de ir para cruz morrer em nosso lugar, para nos dar a uma vida nova. Ele poderia muito bem ter solicitado 12 legiões de anjos e não ter passado por aquilo. Mas, ele abraçou a cruz conscientemente e foi como ovelha ao matadouro, sem reclamar, ou reivindicar outro modo de fazer a vontade do Pai. Todos que assistiram ao filme da “Paixão de Jesus” de Mel Gibson, lembram-se quando por Si mesmo, no monte Gólgota, Jesus Se deitou na cruz de madeira sem o auxílio de ninguém para ser crucificado. Ninguém o forçou a isso. Não foram os judeus ou os romanos que O levaram para cruz. O Senhor voluntariamente se entregou.
Constantemente Ele dizia que estava na terra para fazer a vontade do Seu Pai. Ele dizia que não veio de modo próprio, veio porque foi enviado para uma missão. Se nós entendermos que também não estamos aqui para fazer a nossa vontade, mas a vontade de Deus, que é santa, perfeita e agradável, realizaremos a nossa missão, o propósito que o Senhor tem para nós.
E quando vivemos o princípio da cruz a cada dia nos relacionamentos, nas circunstâncias, nas tribulações, experimentamos o poder da cruz. O poder da cruz operou na vida de Jesus quando ele morreu, ressuscitando-O ao terceiro dia. O poder da ressurreição somente surge quando se estarta o poder da cruz. Jamais experimentaremos o sobrenatural de Deus se não reunirmos as condições para isso. Precisamos aprender viver uma vida de cruz para seguirmos Jesus no dia a dia. “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará” (Lc 9:23-24).

RENUNCIAR A SI MESMO
O renunciar a vida da alma não é uma autonegação, uma autoflagelação, nem muito menos uma atitude de resignação. Renunciar a si mesmo tem a ver com negar a vontade do ego, do nosso “eu”, da nossa natureza decaída, corrompida, degenerada. Renunciar o ego é abrir mão do entendimento próprio (mente), dos sentimentos carnais (emoções) e da vontade humana, quando é passiva ou obstinada (vontade, decisão). Sempre precisaremos vigiar as inclinações da nossa alma, nos três aspectos: mente, emoções e vontade. Esses três aspectos da nossa vida sempre tendem para aquilo que não é vontade de Deus.
Momentos antes de Jesus ensinar como segui-Lo, renunciando a si mesmo e tomando a sua cruz, Jesus começou a dizer aos seus discípulos que Lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ao terceiro dia ressuscitado. Mas, ouvindo isso, Pedro, chamou Jesus à parte e começou a reprová-Lo, dizendo: “Tem compaixão de Ti, Senhor; isso de modo algum Te acontecerá”. Em outras palavras: “Não faça isso, Jesus; pra que isso, Senhor; por favor, se auto-preserve, se auto-defenda, pense em ti, não permita isso de modo algum; o Senhor pode mudar essa situação; se o Senhor quiser, o Senhor faz do Seu jeito…”
Veja o que diz o versículo 23 de Mateus 16: “Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens”. Quando permitimos fazer a nossa vontade e não a de Deus, estaremos fazendo a vontade da nossa carne, que é comida para Satanás e seus demônios, que cogitam somente as coisas dos homens e não de Deus. Portanto, devemos perceber as sutilizas do inimigo na nossa vida e não cair na armadilha dele, andando no princípio do diabo. Renunciar a nós mesmos é definitivamente não cogitar as coisas dos homens, mas cogitar o que tem a ver somente com as coisas de Deus e Seu Reino.

A RENÚNCIA É UMA DECISÃO
Se quisermos amar e servir a Jesus de todo o nosso coração, precisamos decidir por esse caminho, escolher este princípio como estilo de vida, consciente que em todas as áreas da nossa vida deveremos renunciar a nós mesmos. Por exemplo: no casamento ou na relação de pais com filhos, quando um não quer, dois não brigam. Isso é cruz. Quem toma a cruz primeiro, preserva a discussão. Mas, devemos lembrar que a cruz é sempre minha, não é do outro. Eu que devo tomar a cruz e seguir a Jesus, renunciando a raiva, o ódio, o ressentimento, a mágoa, o melindre, etc.
Alguns dizem que o outro é que a cruz. Quando se aceita esse conceito, a cruz fica muito pesada. Quando eu decido tomar a cruz voluntariamente, ela fica mais leve. A cruz jamais deve ser uma obrigação. Ainda no filme “A Paixão de Cristo” vemos o momento em que os romanos obrigaram um certo Simão Cireneu a carregar a cruz para Jesus. “Ao saírem, encontraram um cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz” (Mt 27:32). Ele não decidiu por si só e perdeu uma grande oportunidade. Já pensou se fosse você? O que você faria? Acharia ruim ou bom?
Em todos os momentos temos oportunidade de escolher a cruz no lugar de preservar o nosso ego. Seremos testados constantemente nessa questão. Foi por isso que Jesus nos ensinou a oferecer a face esquerda quando baterem na direita, a andar a segunda milha quando exigirem uma milha, a dar a túnica quando arrancarem a capa. O que resolvemos escolher, define o que colheremos.

AMANDO A JESUS ACIMA DE TUDO
“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim” (Mt 10:37-38).
Se queremos agradar ao Senhor acima de tudo, não podemos amar a nada, nem a ninguém mais do que ao Senhor. Este é o princípio central do evangelho, perder para ganhar. Nossa família, nossos relacionamentos, nossos bens, nossos projetos não podem ser motivo para não seguirmos a Jesus. Do contrário, não seremos dignos Dele.
A maior ou a melhor escolha é amá-Lo e servi-Lo de todo o nosso coração. Quando fazemos isso, ainda que pareça uma perca, será um grande ganho. “Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á” (Mc 8:34). No evangelho do Reino é tudo ao contrário: quem quiser ser o primeiro, tem que ser o último; quem quiser ser o maior, tem que ser o menor; quem quiser ser servido, tem que servir; quem quiser receber, tem que dar; quem quiser ganhar, tem que perder; quem quiser viver, tem que morrer. Cruz é morrer para si o tempo todo.

JESUS FOI O GRANDE EXEMPLO
“Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12:24-25). Se Jesus não tivesse sido a semente que morreu, jamais desfrutaríamos do que temos hoje. Assim, deve ser a nossa vida em relação aos outros. Devemos deixar o “eu” para o “outro”. Ainda que nos custe ou seja difícil, o Senhor nos dará graça de fazermos a Sua vontade.
No Getsêmani, Jesus passou por um grande teste e foi aprovado. Ele até orou para o Pai pedindo para afastá-Lo daquele momento, o momento da cruz, mas nas três vezes que Ele foi ao Pai (quando for difícil, é assim que devemos fazer) Ele orou, dizendo: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26:39). Cada vez que Jesus ia ao Pai, Ele ia alinhando a Sua alma à vontade de Deus: mente, sentimento e vontade. Devemos aprender com Jesus, renunciar a nossa vontade e tomar a cruz voluntariamente, sem obrigatoriedade, sem resignação.

CONCLUSÃO
Está diante de nós a escolha de tomar a cruz ou deixá-la, descer da cruz ou se manter nela, abraçar a cruz ou rejeitá-la. Qualquer que seja a nossa decisão o ego é o elemento que está em jogo. Se o preservarmos, jamais conseguiremos tomar a cruz que é nossa, de mais ninguém. Se crucificarmos o nosso ego, se nós nos mortificarmos, como Paulo diz ter feito em Gálatas 2:19-20, poderemos dizer como ele: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”.



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